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Cia de Dança do Pantanal apresenta Migrantes


De quantos mediterrâneos são feitos nossos mundos? Alguns gigantescos, ganham força e voz nas notícias de jornais. Outros tão minúsculos que só cabem nas pegadas que deixam em nossas frentes. Uns visíveis, geram comoções e empáticas manifestações. Outros tão pálidos, que apenas os abandonos verbais podem alcança-los.

E o espetáculo Migrantes da Companhia de dança do Pantanal leva a refletir sobre quantas lutas épicas ou inglórias, calculadas ou precipitadas no seu fim, são feitos nossos gestos de acolhimento. Algumas registradas, comentadas, prometidas e esquecidas. Outras, cuja luminosidade atinge a quem interessa, sequer são sabidas.

E, entre tantas coisas, há um tempo que salva, o da arte. Assim me ensinou Manoel de Barros. E diferente do olhar poético para um firmamento prestes a desaparecer, ou de uma canção predestinada em tantas esquinas, a migração e a arte não têm finais.

E, falando em finais, quantas fronteiras eles devem passar e sonhos têm que ser deixados ao lado dos naufrágios diariamente enfrentados? Quantos vigores devem ser testado sob a malha fria da indiferença? Quantos modos de namorar ou amar, rituais de milagres que lembram seus avós, idiomas, cores de pele e registros de passaporte precisam ser tatuados nas decisões de aceita-los ou não?

Nesse enredo, tão forte e composto de riscos de faltas de vidas e políticas, a arte traz memórias, que não encerram em mim, tampouco em vós. O Moinho Cultural nos reaviva uma curva esperançosa. E disso não podemos abrir mão. Assim como os migrantes, a arte nos impõe sentidos, deixando a ideia de repetição incontida como ela realmente é: sem valor. ( Marco Aurélio Machado de Oliveira – Professor na UFMS e poeta)

Serviço:

Data: 19/07, terça-feira

Local: Espaço Boulevard do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Horário: 12h30

Evento Gratuito